domingo, 7 de abril de 2013

Verniz


A noite é longa e crua,
dona da própria frieza.
Um poeta vai à rua
debruçado em sua mesa.
 
Joga palavras ao vento,
misto de dor e porvir.
E é como se fosse alimento,
esta angústia do sentir.
 
Sem a lua que o valha,
ou estrelas de verniz.
Corta feito navalha
sobre a velha cicatriz.
 
Esta dor, de a muito morta
reabre a louca ferida.
o passado bate na porta,
travestido de guarida.
 
Escreve poeta, escreve;
Conta em silêncio total.
Pois que a vida não se atreve
a ser capa de jornal.

Um comentário:

  1. A tua poesia é primorosa. Uma combinação perfeita de rimas e emoção. A noite por sí só (a mim), costuma ser generosa, benéfica em inspiração, assim como a chuva e o vento. Gostei bastante também da imagem que escolheste para ilustrar o teu texto,(talvez) só talvez, eu ame mais as tempestades do que muitos, (teu texto lembrou-me Khalil Gibran em A TEMPESTADE: O pássaro e o homem têm essências ... votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas). Por isso, talvez, por apreciar poesias (entendidas) como "estranhas", "Malditas", quando leio poesias assim, (que me parecem), só parecem ser "de uma melancolia quase dolorida", são para mim, expressão de imensa beleza. Super Parabéns pelo teu texto, como sempre, muitíssimo bem escrito.
    Muitas inspirações pra você, e um bom domingo.bjo

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