domingo, 9 de novembro de 2014

Verbetes




Eu queria um bom verbete
que rimasse com respingo.
Queimei neurônios. Cacete!
Entre bingo, xingo e flamingo.
Eu, que almejava um banquete
quase caio em choramingo;
Poeta amador, qual ginete
do Aurélio ainda me vingo.
O dia foi-se num foguete
e findou o meu domingo!

sábado, 20 de setembro de 2014

Por que é Vinte de Setembro


Nas coxilhas do passado
Quero-quero, eu escutei.
São quimeras de outrora
e da prenda que eu amei.

O meu pingo me acompanha
comigo ele ri e chora.
Ri das chinas que deixei,
quando me ia embora.

o meu pala trás a marca
de um três listas lá de fora.
De um marido destratado,
que me pôs estrada afora.

O meu pampa é meu legado
e me orgulho a cada dia,
Sou gaudério e está firmado
nas vozes da Pulperia.

Sou filho da terra ungida,
de maragatos e chimangos.
Abençoada e protegida,
prima dos grandes tangos.


domingo, 14 de setembro de 2014

Turvo-me





Ante a euforia da vida lá fora,
além das lentes que me protegem,...
Eu turvo-me!

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Semente

Poesia é semente
que insiste em florescer
e exalar seu perfume 
mesmo em meio ao cinza dos
corações de cimento e pedras.

Poesia é milagre, vida e amor;
Poesia é saudade e é dor.
Combustível do coração;
Para a alma, poesia é pão!

sábado, 23 de agosto de 2014

Feito Um Trem


Por que quando a gente vê
já passou uma semana.
Lá se foi um mês ou
é quase ano que vem.


Por que a vida passa
apressada feito um trem;

E o que ontem cheirava a futuro
amanhã pode ser saudade.

domingo, 10 de agosto de 2014

Adultecendo

Ah, mar!
Leva meus velhos temores e me trás novos sabores.


Ah vida!
Ela era tão ávida de viver,...


Gente Linda,
gente a toa.
(nua em pelos)
Mas atua pelos cotovelos!


Eu sou um avô que já viveu mais do que muita gente mas ainda está aprendendo a dar nó nos cadarços. A gente nunca está pronto para adultecer de vez.


De coração.
Decor ação,
decora ação.
Agora não;
Dei cor?
Dei não!

sábado, 2 de agosto de 2014

Metamorfoses

Eu sou o resultado das metamorfoses em mim.
Mudo daqui, mudo prá lá.
Mudo, mudo e mudo!
O tempo todo.
Não posso oferecer garantias de que serei melhor ou pior, mas enquanto puder ser,... Serei.
Chegará o dia em que minhas metamorfoses todas cessarão.
Serei lembrança ou esquecimento;
Sorriso, lágrima ou lamento.
Pó ou vento. Tanto faz.
Se meia duzia de palavras minhas permanecerem e inspirarem alguém,
(por uma fração de segundo que seja)
tudo o que eu fiz ou deixei de fazer terá valido a pena!

domingo, 22 de junho de 2014

Chaminé

Todos os dias, durante muitos anos ela ia ao riacho buscar um balde d'água cristalina. Passos lentos,
A maciez da grama, a brisa leve, o quente do sol tocando a pele. Até os pássaros do caminho cantavam prá ela. As vezes sorria mesmo sem ter motivo. Apenas sorria. Noutras via seu reflexo na água e acenava para si. Fazia caras e bocas, franzia a testa e brincava com os dedos leves que tocavam a água.
Aquele caminhar, apesar de rotineiro era um momento de comungar com a natureza. Todos os dias, durante anos. Mais parecia um ritual, um pacto silencioso.
observava cada detalhe do caminho.
Um dia, os homens da fábrica, por motivos que envolviam o progresso mudaram o curso do rio. Mudaram o curso da vida daquela menina. Mudaram aquela rotina, aquele ritual.
O balde secou, os passarinhos emudeceram e a grama sentiu falta das pegadas dela. Nem o sol não esquentava como antes.
Mas a fumaça das chaminés da fábrica, estas não paravam nunca.
E quase ninguém percebeu quando aquele sorriso cessou!

domingo, 15 de junho de 2014

Ainda Ontem

Ontem eu pensava em como envelhecemos rápido
enquanto engordava, passivo, à mesa;
Os últimos vinte anos voaram sem escalas.
Nem a comida farta há de amainar o amargo
desta horrível sensação!
Meu retrovisor tem mais estradas
que oferece o vidro do meu parabrisa.
É, o tempo me ganha.
E se alguém perguntar da ceia de domingo:
--- Será lazanha!

domingo, 8 de junho de 2014

Sobre o Tempo



























A gente vive dizendo que não tem tempo.
Daí um belo dia o tempo vira um luxo que não nos pertence mais.
E partimos, mesmo que a contragosto.
Então, rever um amigo no meio da rua, um irmão que a vida escolheu, não tem preço.
É voltar no tempo sem pagar frete nem a corrida do taxi,... (rsrs).
É acima de tudo, ficar com aquela sensação que valeu a pena ter visto os anos passarem.
Por que se você fez amigos, jamais terá sido em vão!

sábado, 7 de junho de 2014

A Poesia













A poesia veio cedinho,
deu bom dia;
Sorriu vadia,
tomou banho de água fria.
Depois foi-se, meio esguia
como quem brinca e faz
folia!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A PASSAGEM




O velho perambulava cabisbaixo
rua afora.
Decorara cada pedra do caminho
ao longo dos anos.
Fluiam lembranças de outrora
num turbilhão de minuto;
Nem poesia, nem loucura;
apenas pensamentos desordenados
no tempo.
ao longe um aceno de alguém
que já partira.
Era agora, objeto de seu destino.
E assim se fez a passagem, num simples
sorriso de canto de boca.
Ou seria apenas o último delírio?

domingo, 18 de maio de 2014

Amanhã



Vou olhar prá rua,
comprimentar o dia,
espiar a vizinha nua,
comprar a roupa que eu queria.

Versejar sem ter motivo
andar de novo na chuva
me mostrar que eu estou vivo
e tomar pinga de cabriúva.

Vou resgatar um passado,
vou sorrir como eu sorria.
Vou voltar a ser menino.
Nem que seja por um dia!

Depois de amanhã eu não sei,
talvez, meus pais visitar.
matar as aulas de outrora
ou simplesmente acordar.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A Vidraça

A vidraça embaçada me conta
(sob sua visão distorcida),
como vai a vida lá fora.
Diz-me ela em segredo
da doença vencida,
que o mal foi-se embora
e que finda-se o medo.

Pobre vidraça!
Finjo crer para fugir da solidão
enquanto trago um último cigarro.

E quantas vezes, inertes, nos escondemos
atrás das vidraças imaginárias que criamos?
Em vão!

domingo, 11 de maio de 2014

Vergilina

Um dia eu conheci uma mulher fantástica.
Durante meses ela me carregou,
durante anos me educou.
Amor, me deu durante toda a sua vida.
Preocupou-se, perdeu sonos,
deu conselhos. Brigamos, fizemos as pazes,...
Vivemos momentos lindos e únicos,
sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu acreditava.
Agora ela não está mais aqui.
Ou está e somente eu que não a vejo?
Não sei!

Eu só sei que de dentro do meu coração ela nunca saiu e nem sairá.
Tem lugar cativo.
Esta mulher a que me refiro sofreu, passou privações, teve medos,
momentos difíceis e dor, mas sempre tinha uma palavra doce para oferecer.
Essa mulher era a minha mãe.

Te amo Vergilina,
esteja você onde estiver!