domingo, 22 de junho de 2014

Chaminé

Todos os dias, durante muitos anos ela ia ao riacho buscar um balde d'água cristalina. Passos lentos,
A maciez da grama, a brisa leve, o quente do sol tocando a pele. Até os pássaros do caminho cantavam prá ela. As vezes sorria mesmo sem ter motivo. Apenas sorria. Noutras via seu reflexo na água e acenava para si. Fazia caras e bocas, franzia a testa e brincava com os dedos leves que tocavam a água.
Aquele caminhar, apesar de rotineiro era um momento de comungar com a natureza. Todos os dias, durante anos. Mais parecia um ritual, um pacto silencioso.
observava cada detalhe do caminho.
Um dia, os homens da fábrica, por motivos que envolviam o progresso mudaram o curso do rio. Mudaram o curso da vida daquela menina. Mudaram aquela rotina, aquele ritual.
O balde secou, os passarinhos emudeceram e a grama sentiu falta das pegadas dela. Nem o sol não esquentava como antes.
Mas a fumaça das chaminés da fábrica, estas não paravam nunca.
E quase ninguém percebeu quando aquele sorriso cessou!

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