quarta-feira, 28 de maio de 2014

A PASSAGEM




O velho perambulava cabisbaixo
rua afora.
Decorara cada pedra do caminho
ao longo dos anos.
Fluiam lembranças de outrora
num turbilhão de minuto;
Nem poesia, nem loucura;
apenas pensamentos desordenados
no tempo.
ao longe um aceno de alguém
que já partira.
Era agora, objeto de seu destino.
E assim se fez a passagem, num simples
sorriso de canto de boca.
Ou seria apenas o último delírio?

domingo, 18 de maio de 2014

Amanhã



Vou olhar prá rua,
comprimentar o dia,
espiar a vizinha nua,
comprar a roupa que eu queria.

Versejar sem ter motivo
andar de novo na chuva
me mostrar que eu estou vivo
e tomar pinga de cabriúva.

Vou resgatar um passado,
vou sorrir como eu sorria.
Vou voltar a ser menino.
Nem que seja por um dia!

Depois de amanhã eu não sei,
talvez, meus pais visitar.
matar as aulas de outrora
ou simplesmente acordar.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

A Vidraça

A vidraça embaçada me conta
(sob sua visão distorcida),
como vai a vida lá fora.
Diz-me ela em segredo
da doença vencida,
que o mal foi-se embora
e que finda-se o medo.

Pobre vidraça!
Finjo crer para fugir da solidão
enquanto trago um último cigarro.

E quantas vezes, inertes, nos escondemos
atrás das vidraças imaginárias que criamos?
Em vão!

domingo, 11 de maio de 2014

Vergilina

Um dia eu conheci uma mulher fantástica.
Durante meses ela me carregou,
durante anos me educou.
Amor, me deu durante toda a sua vida.
Preocupou-se, perdeu sonos,
deu conselhos. Brigamos, fizemos as pazes,...
Vivemos momentos lindos e únicos,
sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu acreditava.
Agora ela não está mais aqui.
Ou está e somente eu que não a vejo?
Não sei!

Eu só sei que de dentro do meu coração ela nunca saiu e nem sairá.
Tem lugar cativo.
Esta mulher a que me refiro sofreu, passou privações, teve medos,
momentos difíceis e dor, mas sempre tinha uma palavra doce para oferecer.
Essa mulher era a minha mãe.

Te amo Vergilina,
esteja você onde estiver!